Domingo passado realizaram-se mais duas maratonas na cidade de Lisboa, e o destino escolhido para elas foi mais uma vez o centro da cidade de Lisboa, logo trânsito cortado. Nesse mesmo dia, além do turismo normal, havia mais 3 barcos de cruzeiro atracados na cidade. Quando me telefonaram a explicar qual seria o tour que iria realizar, alertaram-me que a circulação na cidade seria um tanto complicada, mas que conseguiríamos fazê-la. Desde esse momento que comecei logo a mentalizar-me para não me importar com o que quer que fosse que encontrasse pela frente, afinal de que serve chatear-me com algo em que não posso mandar? De manhã fui logo de sorriso nos lábios, cheia de vontade (até porque já tinha tido 3 dias de descanso e sentia-me com as energias recuperadas e, confesso, já com saudades do trabalho). Cheguei ao Cais, fui perceber como seriam os tais desvios que teríamos de fazer e falar com o motorista. Sorte a minha, o senhor estava exactamente com o mesmo "mood" que eu. Para começar, o grupo chegou ao autocarro já com atraso e eu e o motorista começamos a brincar a dizer que terminaríamos o tour no dia seguinte! Ao ouvir esse comentário, um outro motorista, decidiu interromper começando a reclamar. Do nada o senhor zangado com a vida, provavelmente cansado desta época tão preenchida e com alguma vontade de ir para casa, despejou toda a sua raiva em nós: porque temos nós que dar mais tempo se existe um horário a cumprir, porque se realizam maratonas sempre no mesmo sítio, porque isto e porque aquilo. Eu até percebo tudo o que ele comentou, mas porque há-de ele estragar a sua saúde e a dos outros com algo em que, infelizmente, não tem poder para mudar? O seu colega, respondeu-lhe logo para se acalmar e que não valia a pena toda essa raiva, que mais valia ir fazendo e ir levando, porque nada de bom vem da queixa e da raiva: "já aprendi a não me chatear com isso, e porque havemos de tornar um tour mau e fazer com que todos andem chateados se podemos levar uma manhã na boa?" Fiquei ainda mais feliz de ter tido a sorte de estar com um motorista tão bem disposto. Quando o tour começou decidi avisar o grupo das maratonas, explicar que provavelmente teríamos de enfrentar algumas mudanças ao decorrer normal de uma visita em Lisboa, mas que não se preocupassem porque iríamos fazer tudo que estava no programa, acrescentei que o sol brilhava e estavam de férias, por isso: "sorriso nos lábios e vamos aproveitar, sim?" Como correu o tour? Nunca apanhamos trânsito, conseguimos sempre estacionar, fizemos tudo o que estava no programa, os alemães sorriam e, mais incrível ainda, terminamos na hora prevista! O outro senhor... enfrentou tudo e mais alguma coisa (tenho pena do colega que ía com ele), não há dúvida que a forma como gerimos as nossas emoções atrai o mesmo tipo de energias! É que nesta profissão não vale mesmo a pena stressar, pois só complicará! E quando estivermos muito cansados, temos mesmo que saber dizer que estamos no limite, parar, afastar, para depois voltar, porque ninguém consegue trabalhar com pessoas se não estiver bem. Principalmente pessoas que estão de férias e que querem é ver sorrisos e alegrias, pois estão a fazer um intervalo nos problemas que possam existir nas suas vidas!