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História da Marta Cunha - "por favor sirva-se"

Quando os grupo fazem reserva dos seus programas, eles escolhem antecipadamente hotéis, museus, restaurantes e respectivos menús entre tantas outras coisas. Trocam-se emails e telefonemas para que não fiquem dúvidas das escolhas e para que não haja surpresas no dia em que tudo acontecerá.

No entanto muitas vezes, já in loco, alguns grupos ou pessoas do grupo tentam mudar aquilo que fora escolhido, sobretudo no que se refere às refeições! Os motivos são vários: faz frio, então em vez da salada para entrada apetece sopa; ou não apetece particularmente peixe naquele dia; ou subitamente é-se alérgico a tomate, mas o motivo mais comum é mesmo olhar para a mesa do lado e achar que o prato servido nessa mesa tem visualmente um aspecto tão apetitoso que é mesmo isso que se deseja comer nesse momento.

Por norma os guias têm a mesma refeição que o grupo, pois a maioria das pessoas pensa que se o guia não come o mesmo que o grupo, então é porque o menú escolhido não é bom e está a ser enganado. Assim o guia tem que comer a entrada, o prato, a sobremesa. Tudo. Ao fim de uma semana de circuito engordam-se quilos.

Gostava de explicar aqui hoje que os grupos não podem levar a mal quando por vezes não queremos a sobremesa ou pedimos um prato diferente. Lembrem-se que muitas vezes passamos semanas a comer doces de sobremesa, a comer pratos repetidos porque todos querem bacalhau e feijoada. Até os maravilhosos pastéis de belém têm meses que não são mais apetecíveis!

Certas nacionalidades são tão curiosas e exigentes no que o guia deverá comer que durante a refeição querem sentar na mesa com o guia e o motorista ou, caso não seja possível, passam a refeição inteira a ir à mesa ver o que estamos a comer. Não é também por maldade, mas essa pequena hora da refeição é um pequeno descanso, em que falamos a nossa língua com o motorista, em que descansamos a cabeça das explicações e recuperamos energia para o resto do dia. E acreditem que a refeição, mesmo quando não é interrompida pela "vistorias" dos clientes, tem sempre muito de cuidado (como já contei noutros posts).

A colega Marta Cunha deixa-nos hoje uma dessa histórias, nos seus primeiros anos de trabalho, quando ainda muito verdinha e sem estaleca para reagir a certas situações foi deparada com "o ataque à refeição"!

"Primeiro dia de circuito: faziamos tour de Lisboa e almoçavamos em Sintra. Cheguei ao restaurante e estava lá um colega com o seu grupo, mas com um menú diferente do meu grupo (arroz de tamboril para o dele e frango para o meu).

Depois de ter sentado o meu grupo, sentei-me ao lado do colega que gentilmente ofereceu-me o arroz de tamboril, pensei que não teria nada de errado em aceitar e assim o fiz.

Mas não é que um senhor do meu grupo tendo-me observado de longe veio prontamente de prato na mão, aproximou-se da nossa mesa, levantou a tampa do arroz de tamboril e serviu-se!

O colega, já mais experiente perguntou-lhe o que estava a fazer, porque o senhor estava a servir-se da refeição de um outro grupo, pois eu ainda novinha consegui ficar apenas boquiaberta e sem reacção. O senhor do meu grupo ainda tentou argumentar por eu estar a comer também o arroz de tamboril, mas o colega explicou-lhe que fora apenas porque ele assim me oferecera.

Finalmente o senhor percebeu o abuso e voltou à sua mesa!

É difícil fazê-los entender que outros menús significam outros valores, mas hoje já sei como o fazer! Mas a imagem do senhor prontamente de prato na mão sem qualquer hesitação nunca será esquecida!"

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