Quando me perguntam a profissão, sei que a maioria das pessoas terá como reacção à minha resposta um sorriso e uma frase semelhante a esta: "que bom! é só passear!"
Sorrio e nesse momento lembro-me de tantas situações difíceis de lidar que nada têm de "passeio".
Para ser Guia, não basta saber falar bem uma outra língua, nem ter a História toda bem sabida. Ser Guia exige um lado humano/social muito grande.
A ideia de que as pessoa em férias são pessoas felizes não é totalmente real.As pessoas em férias são por vezes pessoas sozinhas que trazem consigo as tristezas, ou pessoas zangadas que trazem consigo as suas fúrias. Outras vezes são pessoas doentes e outras, pessoas que procuram soluções na vida delas.
E há aquelas vezes, em que estão de férias porque receberam um prémio na sua empresa: distinção pelo bom desempenho no trabalho. Recebem assim uma viagem com estada num bom hotel, refeições em bons restaurantes e alguns tours para conhecerem a cidade.
Na maioria dos casos a empresa oferece esse prémio ao trabalhador e a mais um amigo/familiar, outras vezes é mesmo apenas ao trabalhador.
Estes eventos, confesso, são prolíferos em histórias.
Os dias passados fora do trabalho, do país, da vida pessoal, tornam-se dias de loucura, de liberdade total para algumas dessas pessoas (não vamos generalizar, obviamente).
Certa vez após um almoço óptimo, num dia solarengo, num local com vista magnífica e bom vinho, voltamos ao autocarro para regressar ao hotel.
Poucos minutos passados do arranque começamos a notar uma certa oscilação no autocarro. Oscilação essa que não pára. A estrada por aqueles lados até tem bom piso. Olhei para o motorista, ele para mim e comentamos o que seria?
A reacção seguinte foi olhar para o espelho retrovisor e diz o motorista com um ar seriamente sério: "Cátia, vai lá informar os senhores que se não páram, pára o autocarro!"
- a meio do autocarro, no corredor estava um senhor de cuecas brancas, com a t-shirt puxada para cima e as calças para baixo, posicionado no meio das pernas de uma outra senhora que ria às gargalhadas enquanto o autocarro abanava! -
é fácil abordar e resolver situações destas não é?