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Alice in Wanderlust

Alice in Wanderlust

Por Edna Ladeira

Não obstante o valor e importância do nosso trabalho: o trabalho do Guia-Intérprete Nacional Certificado, a Teia da Guia também gosta de ouvir histórias contadas pelos viajantes. Compreender o seu olhar e beber das suas experiências, porque também elas enriquecem o nosso portefólio.

Alice in Wanderlust está de volta! Da autoria de Edna Ladeira, foi um blogue que teve início quando a escritora foi mãe e que esteve parado algum tempo. Agora, numa feliz parceria entre duas mães que adoram mostrar o mundo às suas filhas - eu e ela - a Edna regressa com os seus roteiros family-friendly, envolvendo-nos nas suas experiência em família. Sem a pretensão de ser uma Guia, ela apenas usa do seu talento de storyteller e de escrita na área do lifestyle, para trazer valor e inspirar-nos a criar novos roteiros profissionais dos quais vocês também podem fazer parte. Sejam bem-vindos!

A primeira viagem da Alice para A Teia da Guia não podia ser mais encantadora!

Serra da Lousã:

Estivemos num conto de fadas!

Num lugar onde a natureza permanece intocável e imponente, não são só os mistérios da floresta que encantam. A Serra da Lousã é uma fonte inesgotável de criatividade e amor, onde todos os recantos são aproveitados para se embelezarem e chamarem a atenção dos curiosos, graças ao maravilhoso projecto Isto é Lousã. As aldeias de xisto têm a magia de uma casa de bonecas e os baloiços originais são um cartão de visita incontornável. Escolher este lugar é imaginar-se continuamente num conto de fadas, onde pais e crianças podem brincar em liberdade, silêncio e segurança. Sigam-nos em mais uma aventura e saibam porque é que a Serra da Lousã conquistou um lugar no nosso TOP de lugares a visitar.

Considere este roteiro uma provocação para se informar mais sobre o magnífico território da Serra da Lousã. Temos plena consciência que teríamos muito mais para explorar e por isso partilhamos o que achamos imperdível na medida do que foi a nossa experiência. Uma coisa é certa: foi tão bom que queremos voltar para conhecer mais!

Surpreenda-se com a imponência do Baloiço de Trevim!

Talvez possa parecer exagero, mas o baloiço de Trevim provoca mesmo um friozinho na barriga! Imagine chegar ao ponto mais alto da Serra da Lousã – a 1200 metros de altitude – e, mesmo antes de se aproximar do dito, sentir a sua imponência. Ainda ao longe, a vista é soberba e promissora: um baloiço de madeira gigante “perdido” na imensidão da serra, onde o único som que se ouve é das turbinas eólicas (isto se conseguir a proeza de não encontrar turistas no local). Até a Alice, que poucos minutos antes tinha reagido à fotografia do baloiço com um grande “woooow”, ficou sem palavras! É a prova de que não é preciso muito para se ser feliz. Se os petizes da família permitirem, tente apanhar o balanço ao pôr-do-sol, o momento que promete aquela fotografia invejável. Seja como for, qualquer hora é digna de visita, porque não há volta a dar: o lugar é mesmo incrível e este baloiço faz-nos sonhar!

Caso tenha dúvidas: algumas fotografias na internet podem dar a sensação que o baloiço de Trevim fica na ponta da serra e que, por isso, é perigoso. Não se preocupe, é só uma ilusão de óptica.

Experimente um alojamento incrível, em Gondramaz

O nome soa a uma banda de rock gótico dos anos 90, e serviria bem de cenário para um videoclip dos Evanescence, mas Mountain Whisper é mais amplo do que isso. Que o diga a Alice, que (não) se fartou de calcorrear a pequena aldeia de Gondramaz, de casa para a piscina e da piscina para a casa. Este alojamento de charme, composto por várias casinhas de xisto distribuídas pela única aldeia de xisto no concelho de Miranda do Corvo, é um verdadeiro paraíso e não é só para quem viaja com filhos. As casas são bonitas, completas e confortáveis (nunca mais me esquecerei daquele colchão!), mas o que faz da estadia inesquecível é a vista da zona de pequeno-almoço/piscina. Rodeada por uma vegetação linda e frondosa é também plateia para um dos vários parques eólicos existentes na serra. “São os cataventos”, dizia a Alice, depois de o pai brincar com uma descrição mais simpática para a palavra “turbinas eólicas”. O mais giro é que a casa não fica “pegada” à piscina: para chegarmos a este miradouro delicioso, temos de atravessar a aldeia de uma ponta à outra, o que nos permite desfrutar da fofura daquele lugar, com as suas casinhas tradicionais e recantos surpreendentes. Lindo, lindo, lindo.

Tome Nota: a casa onde ficámos tinha escadas, o que, para crianças de certas idades pode não ser o ideal. O único restaurante da aldeia faz parte de outro alojamento (que abre as portas a clientes externos) e não há nenhuma mercearia/supermercado na aldeia.

Em tempo de COVID-19: é o tipo de alojamento perfeito para esta altura, porque são casas individuais, equipadas com cozinha e muito bem higienizadas.

Há quem tenha a sorte: de receber a companhia da raposa que às vezes aparece por ali. Não se aproxima das pessoas, mas o encanto daquele animal é uma coisa que ninguém quer perder.

Seja romântico(a) na aldeia do amor!

Existe sempre aquela dúvida se os lugares que são muito turísticos valem mesmo a pena ou se não cumprem as expectativas. No caso de Talasnal – a aldeia de xisto mais famosa da Lousã – as expectativas não são defraudadas... é um lugar mesmo bonito! Talvez por ser tão inspirador. A arquitectura e a vista para a serra não é inovadora, no que diz respeito às restantes aldeias, mas o passeio torna-se ainda mais romântico. A aldeia conhecida pelo slogan “Montanhas de Amor” – que na verdade tem origem no nome de um dos seus alojamentos – tem como cartão de visita corações esculpidos na madeira e, imaginem só, exibe um baloiço virado para a serra que quase ninguém fala, mas que é ainda mais prático para as crianças, já que é mais pequeno e muito fácil de baloiçar. Na aldeia existem também bons restaurantes – o Ti Lena é o mais famoso, mas a Taberna do Talasnal, também com opções vegetarianas, é recomendado vivamente por quem já lá passou. Para além disso, tem uma loja com lembranças locais giríssimas. É mais turístico? É. Mas isso é porque vale mesmo a pena.

Visite um baloiço encantado!

Não me consigo lembrar de nada que seja parecido a este baloiço! Mas este cenário idílico não é fácil – nem recomendável – para todas as crianças. Fica na piscina fluvial da Nossa Senhora da Piedade e o acesso é mais difícil se estiver com um bebé de colo, por exemplo – para lá chegar tem de atravessar um caminho de pedregulhos na água ou descer um muro. No entanto, se o contexto for favorável, por favor, não perca esta preciosidade! Alguma vez viu um baloiço preso no tronco de uma árvore que atravessa a largura da piscina de uma ponta à outra? E se, junto a esse tronco, estiverem dezenas de cogumelos que podiam ter saído de um filme da Disney? Ou se, depois de baloiçar, puder apenas deixar-se cair para uma água límpida e com uma cascata por trás? É muita emoção e caso para dizer que a Alice andou mesmo no país das maravilhas... ou no reino do Indiana Jones, se pensarmos que depois quis atravessar os pedregulhos todos até ao final da piscina. “Uau, que aventureira”, comentava alguém! Ufa!

Tome Nota: é muito importante levar sandálias/chinelos confortáveis e aderentes ao piso escorregadio, por causa das pedras naturais das piscinas fluviais. No caso das crianças, as sandálias de borracha com fivela são perfeitas. O baloiço também tem “horas de ponta”, por isso tente ir mais cedo (ou mais tarde), para desfrutar sem stress.

Se não quer mesmo perder este baloiço: faça a visita até Novembro, porque quando o caudal começa a subir, ele é retirado até à primavera seguinte.

Mas há mais... se ficou a pensar em vir, saiba que o passeio tem ainda mais interesse se visitar o pequeno castelo que fica no topo. Se deixar o carro na Lousã, pode fazer o caminho pelo Passadiço da Senhora da Piedade, que tem uma vista lindíssima para a serra. Num percurso de pouco mais de 1 km, a grandiosidade e o silêncio daquele lugar não deixam ninguém indiferente.

Onde comer: o restaurante O Burgo, com algumas opções vegetarianas, fica localizado mesmo junto à piscina e oscila entre uma avaliação de 4,5 e 5 no TripAdvisor.

Outros restaurantes vegetarianos:

A gastronomia na Serra da Lousã é famosa, sobretudo, pela chanfana e outros pratos típicos de carne (como cabrito ou borrego); mas há opções para viajantes vegetarianos. Saiba onde os encontra.

Q.B. Restobar – Lousã | Tel.: 239 151 281 | Encerra ao domingo.

Artigo de Edna Ladeira

créditos de fotografia:

  1. Baloiço de Trevim: Pedro Rodrigues

  2. Mountain Whisper: Mountain Whisper

  3. Talasnal: Edna Ladeira

  4. Baloiço das Piscinas: Isto é Lousã

  5. Edna Ladeira: Vera Marmelo

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