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História da Joana Ramalhinho - “Sobre camas brancas”

A Joana é uma colega Guia Certificada, que viajava em trabalho quase 25 vezes ao ano.

Por muito que seja emocionante e bom viajar, quando é intenso dessa forma, ao fim de alguns anos o nosso corpo começa a pedir calma, casa, mais tranquilidade.

Aquela ideia romântica de que os trabalhadores de turismo só passeiam e brincam, está bem longe isso. O nosso trabalho é extremamente exigente, nós trabalhamos enquanto os outros estão a divertir-se. É nosso dever cuidar deles para que não tenham eles de se preocupar com nada. Quase como um pai a cuidar de um dia de vida dum filho com 2 aninhos.

A dado momento da sua vida, a Joana decidiu mudar e trabalhar de forma a poder ir a casa, todos os dias. E assim começou a surgir na sua vida a velha questão: "e não tens saudades de viajar?"

Aqui fica a resposta da Joana:

"Quase todos os dias da minha vida, em cenários diferentes, alguém me pergunta se tenho saudades de viajar (em trabalho).

Confesso que para mim é uma pergunta complexa de responder (ou não!), se outros colegas de trabalho estiverem por perto.

Eu, por norma, respondo apenas diplomaticamente que, “somos todos diferentes, e ainda bem que assim é!”. E é a mais pura das verdades. Nas situações em que posso responder algo mais, explico que a minha mente esteve sempre tão abraçada à Arrábida que um dia, o meu corpo desligou só para fazê-la ficar aqui, na Arrábida, para sempre. O que não é totalmente mentira.

A partir desse momento, eu comecei a trabalhar principalmente nesse sentido, estar o mais próximo possível da Arrábida e poder ir a casa todos os dias.

Mas há situações, objectos, coisas que me trazem sempre nostalgia boa ao pensamento, desses tempos em que viajava muito frequentemente em trabalho: pessoas, momentos, histórias do além, rotinas...

Assim, respondendo à questão de ter saudades de viajar, aqui vai: sinto saudades de duas coisas:

em primeiro lugar: de ter medo, do frio na barriga; de fazer magia, milagres, resolver o impensável em tempo limite e apanhar as balas todas com as costas das mãos, sempre a sorrir e de cabeça erguida. Às vezes tenho saudades disso. É por isso que ainda viajo (apenas) 1 ou 2 vezes por ano (em vez de 20 ou 25). Só para me certificar de que não me esqueço de como é que tudo isso se faz.

em segundo lugar: tenho saudades das gigantes e macias camas brancas. Que atire a primeira pedra quem nunca mergulhou de costas, vestido e calçado, de telefone na mão, numa cama branca e fofa de hotel depois de um dia de 15 horas seguidas de milagres e adormeceu?"

Hehe obrigada Joana, e sim, eu já mergulhei numa cama branca hehe

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