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Da Aldeia para o Mundo - 6 marcas portuguesas

Da aldeia para o mundo - 6 marcas portuguesas que agarraram na nossa tradição, na singularidade e estão a conquistar a contemporaneidade.

Novo artigo escrito para o site Reveal Portugal.

O séc. XXI trouxe-nos a tecnologia na ponta dos dedos. Subitamente, como uma extensão do nosso corpo, o mundo está ali, à nossa disposição. Embrenhados nessa magia, quisemos viver o presente e o futuro intensamente, deixando o passado lá atrás.

A viagem tem sido magnífica, mas aos poucos fomos percebendo uns quantos senãos: estaremos todos uniformizados? Estamos mais sós do que juntos?

Reinventar a tradição

Criar está assente numa vivência, são as nossas experiências que nos ajudam a sentir e a construir, o nosso passado inventa o futuro.

Com gratidão começamos a voltar às nossas raízes, a estudar-nos, a perceber de onde vimos, num ritmo mais biológico, para construir um futuro onde o artesanal e a tecnologia poderão verdadeiramente andar de mãos dadas.

Estas 6 marcas portuguesas reinventaram a tradição. No retorno à alma lusitana, preservando a história, as técnicas ancestrais e a identidade cultural, apoiando o desenvolvimento económico local, o ritmo da natureza, mas arrojando na criatividade, lado a lado com a modernidade e o pulsar da contemporaneidade, este criadores colocaram o artesanato português nas bocas do Mundo.

Nunca o nosso passado teve tanto futuro.

As cestas de junco de Castanheira.

Na noite em que o seu avô faleceu, Nuno Henriques decidiu que não podia deixar o negócio das cestas de junco desaparecer com ele. Corajoso, toma a decisão de regressar de Berlim para Castanheiro, uma aldeia com pouco mais de 300 habitantes, e transformar a pequena cesta que nós portugueses associamos ao lanche da escola num objecto de desejo do séc. XXI.

Em 2010, funda então a Toino Abel, cujo nome homenageia ao avô.

Jane Birkin foi das primeiras celebridades a ser vista a passear com uma Toino Abel. Seguiram-se reportagens na Vogue e na Elle e participações em desfiles de Moda.

A cesta onde levávamos o picnic transporta hoje o laptop e todos os pertences diários de uma mala de dia a dia!

A beleza desta empresa está não só na recuperação de um objecto da nossa identidade cultural, mas igualmente no desenvolvimento da economia local. A Toino Abel emprega dezenas de habitantes de Castanheira e das aldeias próximas, utiliza produtos dos agricultores locais, respeita o ritmo da Natureza e utiliza couro vegetal nos fechos e nas abas.

Sem espanto, o maior desafio da Toino Abel está a ser a passagem do testemunho destas técnicas ancestrais para as gerações mais novas.

Mas tenho a certeza que será ultrapassado e que conyinuremos a ver a cesta de junco colorida baloiçar nos braços das mulheres mais cosmopolitas.

O barro de Bisalhães.

Recentemente classificado como Património Material da Unesco, o barro negro de Bisalhães assiste ao seu renascimento através da modernização do design do seus objectos.

Pelas mãos de Renato Costa e de Daniel Pêra renovam-se os bules, as chávenas de chá e café, as vasilhas de água da olaria negra. Esta união entre as técnicas ancestrais de cozedura do barro e o design actual e fresco colocou estes objectos nos mercados comerciais de mais de quinze países.

As encomendas são tantas que actualmente a empresa passa por uma reestruturação e pela necessidade de empregar mais trabalhadores. Só quatro artesãos especialistas nesta técnica continuam vivos e é urgente que novas gerações queiram aprender. Foi então criado um protocolo de formação de novos oleiros com a Universidade da Beira.

Assim, a Bisarro torna-se em mais uma empresa exemplo da consciência da preservação de identidade cultural e de desenvolvimento de economias locais.

O pão nacional.

Gleba significa “terreno próprio para cultivar” e é com este mote que Diogo Amorim reinventa o pão nacional.

Preocupada com a sustentabilidade, com o valor nutritivo do pão e com a preservação da nossa identidade, esta empresa recupera as receitas e os métodos antigos de produção de pão. Neste regresso às origens utilizam-se apenas cereais cultivados nos nossos solos e moídos em mós de pedra - um sistema ancestral desenvolvido pelos romanos (incluir século) .

Mais uma vez, o ritmo biológico, o respeito pela natureza e a produção local são as chaves de ouro.

Nesta padaria encontra diariamente pão de trigo Barbela, de centeio do tipo “verde” e de milho.

A tecelagem.

Teresa Gameiro, natural de Leiria, formada em design de moda, decide arregaçar mangas após o seu estágio em Itália e pegar no seu amor pela tecelagem para colocar o magnífico trabalho das mãos das mulheres da Estremadura nas bocas do Mundo.

Inspirada pelos trabalhos de crochê e de retalhos - o famoso patchwork actual - da sua avó paterna, Teresa cria a sua própria marca de tecelagem que tem hoje um papel relevante no apoio a este artesanato e à economia local.

Todo o trabalho é feito por tecedeiras locais e em teares manuais com teia em puro algodão. Quase todas elas contam com mais de 60 anos e pretendem passar a sabedoria às novas gerações. Se antigamente o patchwork surgia por necessidade económica, hoje surge por consciência ecológica. Mais do que nunca, a indústria da moda e de tecidos precisa mudar o seu papel e Teresa está na vanguarda, pois utiliza a reciclagem de tecidos.

As suas primeiras criações foram malas, mas recentemente estreou-se na decoração para a casa com toalhas, almofadas, caminhos de mesa e tapetes.

A cortiça.

Se há material ecológico por excelência, esse é a cortiça e Portugal é o produtor mais importante do mundo.

Do tronco do sobreiro é extraído a cada 9 anos a cortiça, um material maleável, impermeável, isolante e ecológico.

Durante muitos anos, a cortiça era utilizada apenas para revestimento de chão e paredes e para fazer rolhas de garrafas de vinho, mas nas últimas décadas descobriram-se usos infindáveis para este material.

A Pelcor é o exemplo do tanto que se pode fazer com ela: malas, acessórios, material de escritório, coleiras e taças de comida para animais, sem falhar os sapatos.

Mas ao percorrer Portugal irá encontrar joalharia, bonés e chapéus de chuva, cintos, postais, mobiliário, pranchas de surf e tantos outros objectos insólitos! O uso deste material não se rende só a empresas nacionais, da Gucci à Prada, passando pela Mercedes ou a Adidas, muitas são as empresas e os designers que utilizam a nossa cortiça.

A filigrana

Travassos é um dos centros de produção de filigrana, a técnica de joalharia que chegou ao norte de Portugal pelas mãos dos fenícios, cujo uso remonta à Mesopotâmia há mais de 5000 anos.

Fundada em 1925 por Eleitério Antunes e actualmente gerida pelos seus netos, a Eleutério jóias preserva as técnicas milenares desta tradição que se tornou também símbolo de Portugal.

As jóias são todas produzidas dentro da própria empresa e são peças únicas.

Com uma loja presente na cidade que nunca dorme, New York City, e tendo sido parte de uma exposição no Museu Britânico de Londres, a Eleutério leva o nome de Portugal pelo Mundo.

Nunca esquecendo a tradição, mas renovando no design e na combinação de materiais - não só o fio de ouro e prata, mas vários tipos de ouro e diamantes, apresentam actualmente 4 colecções, sendo a “Heritage” a mais próxima da tradição portuguesa.

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