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Humildade ou Coragem

O ser humano tem características muito confusas, que para mim são apenas sinal de medo de sermos quem somos. Ninguém sabe tudo, ninguém é perfeito e ninguém tem que o ser. Não sei porque passamos centenas de anos a incutir isto na cabeça das pessoas, sobretudo aos homens.

Nesta profissão deparamo-nos constantemente com cidades novas, museus novos, restaurantes novos, estradas novas... É impossível conhecer-se todos os locais que nos aparecem nos programas.

Desde o primeiro dia tive sempre a coragem ou a humildade de, ao deparar-me com algo que não conheço, dizer que não sei e tentar descobrir como chegar lá. Seja a perguntar ao motorista, ao colega, ao namorado, ao amigo, ao pai, à mãe, à internet, ao project manager do programa.

Quando estamos perante um local que não conhecemos e não sabemos como ir para lá, nada tem de humilhante perguntar. O tentar descobrir e ver se temos a sorte de não errar, leva na maioria das vezes a que se erre. É muito pior ter o grupo a andar perdido, que ter perguntado primeiro.

Continuo sem entender os motoristas que não sabem caminhos e não têm a coragem de o dizer. Pensar que o motorista sabe o caminho, significa poder ir descansada e completamente absorta nas minhas explicações. Quando ele não sabe ou até quando ambos não sabemos, já sei que tenho que ir no modo da explicação, mas completamente atenta ao caminho para ver se chegamos a bom porto sem erros. E isso não tem problema nenhum. Porque eu não sei tudo e trabalho de equipa é trabalho de equipa.

O pior é achar que o motorista sabe, ir absorta na explicação e subitamente perceber que estamos no sítio errado! Ou situações em que os motoristas vão sozinhos e não dizem que não sabem caminhos e não temos forma de os orientar.

Exemplo: grupo grande, um autocarro acaba por ir sem guia, porque a guia teve que ficar no aeroporto a ajudar uns clientes com malas perdidas, o motorista não sabis como ir ter ao hotel mas optou por não o confessar quando foi perguntado a todos se sabiam o caminho para o hotel, de modo a que arranjassemos estratégias para ajudar quem não sabia (como colocar uma guia que sabe com um motorista que não sabe e vice-versa, ou fazer sair 2 autocarros ao mesmo tempo de modo a que o que sabe vá na frente e o outro tenha simplesmente que o seguir...). Havia tantas oportunidades de termos contornado essa situação.

Mas não, por vergonha, nada disse e foi preferível ter passado 3 vezes em frente ao hotel sem perceber onde era a entrada, ter levado o dobro do tempo do resto do grupo e ter criado como primeira impressão aos clientes a ideia de que foram entregues a uma organização incapaz!

Não há mal nenhum em dizer-se que não se sabe, seja em que situação for.

É assim tão difícil aceitarmos isto?

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