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Botânicos precisam-se

Não chove há talvez 2 meses, não tenho bem a certeza, mas tenho sentido que chegou a Primavera. Vejo os campos a florir, sinto os animais mais agitados. Parece-me realmente que a Primavera chegou mais cedo. Lembrei-me das Jacarandás de Lisboa. Lembrei-me das perguntas dos turistas em relação às árvores, flores, folhas, plantas, frutos... tudo o que seja botânica. O meu maior medo! Adoraria saber profundamente sobre esse mundo, porque na verdade quando se percebe a história por detrás de uma folha, deparamo-nos com um novo mundo e ficamos com vontade de perceber em que contexto crescem, quando florescem, quando dão fruto ou perdem a folha. Perceber o que nos oferece esse ser vivo: madeira, chá, medicamento... Saber de onde vieram, como chegaram aqui. Tantas possibilidades. Alemães, franceses, ingleses têm um grande carinho por esse mundo. São pessoas que têm jardins ou um simples canteiro e que ficam boquiabertas quando vêem as nossas flores, porque, segundo me contam, o nosso clima permite que cresçam de tal forma que ficam praticamente irreconhecíveis para eles. As buganvílias no miradouro de Santa Luzia são um bom exemplo. Sempre que ali passamos ficam longos minutos a admirar a beleza da cor e do tamanho. Tiram tantas fotos que fica difícil continuarmos. Ou insistir que "aquilo é uma nespereira. Sim, uma nespereira. Sim, o fruto come-se. Não, não é uma tangerina". Tenho tanta curiosidade em ver uma nespereira "lá fora". Foi com eles que fui aprendendo ao longo dos anos. Com eles, com a avó e com colegas de trabalho. Aos pouco vou aumentando o meu saber, mas falta-me tanto. Admiro os colegas que fazem visitas que incluem muito de botânica, como por exemplo, visitar a Madeira! Ali em vez de monumentos de pedra, temos jardins sem fim, com espécies certamente do mundo inteiro. Disse-me um vez um colega, que podia ficar à vontade uns 30 minutos a falar das Estrelícias! Admiro, porque sei o quanto os seus turistas ficam felizes com tal saber. Admiro quem recebe uma folhinha na mão e sabe identificar a árvore. O que quero dizer com a frase de cima? Os turistas têm por hábito chegar perto de nós com uma folha na mão e perguntarem: "que árvore é esta?" As primeiras vezes só queria rir! Como seria possível ser essa folha tão importante. E saber que árvore seria através de uma folha?! Ao longo dos anos fui percebendo o interesse e fui tentando saber mais. Aos poucos deixaram de ser apenas uma folha verde nas mãos daquelas pessoas! Continuo a defender que pelo menos um semestre do estudo dos Guias-Intérpretes deveria ter a disciplina de botânica e agricultura. É essencial e não é algo fácil de encontrar como curso extracurricular. Deixo a ideia a um colega que saiba mais sobre este assunto: organize um curso e certamente terá muitos interessados.

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